bebe chorando e gritando ao nascer

Humanização do parto: significados e percepções de enfermeiras

Humanização do parto: significados e percepções de enfermeiras

A obstetrícia passou por inúmeras mudanças ao longo do tempo. No final do século XX, as mulheres davam à luz com a ajuda de parteiras em casa.1A presença de médicos só foi solicitada quando houve intercorrência durante o trabalho de parto. Isso é muito diferente agora com a humanização do parto.

Novas práticas foram sendo introduzidas gradativamente no processo de parturição, tornando-o medicalizado. Após a Segunda Guerra Mundial e com o progresso técnico-científico e a evolução da medicina, a gravidez e o parto tornaram-se eventos hospitalares, nos quais foram utilizados meios tecnológicos e cirúrgicos.1Nessa época, a Igreja e o Estado também passaram a se preocupar com questões relacionadas à saúde das pessoas.2

Após essas mudanças, o aumento das intervenções durante o ciclo gravídico-puerperal e a medicalização excessiva contribuíram para um novo cenário parturitivo, em que as mulheres são submetidas a procedimentos desnecessários e sua anatomia não é mais respeitada. Consequentemente, os profissionais de saúde tiveram cada vez mais destaque na realização desses procedimentos e se tornaram os protagonistas desse evento.3

Além disso, as mulheres começaram a ser internadas mais cedo. Uma vez no hospital, recebem poucas informações sobre os procedimentos aos quais serão submetidos e permanecem sozinhas durante o trabalho de parto, com pouca privacidade.4

Sabe-se hoje que essas intervenções e condutas podem piorar a assistência prestada à mulher durante o parto, pois seus direitos e de seus familiares são ignorados nesse processo. Diante disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs algumas mudanças, assim como o Ministério da Saúde brasileiro e algumas ONGs. Essas mudanças estão voltadas para a assistência prestada à mulher, incluindo o retorno do parto normal. Também têm incentivado a participação de enfermeiras obstétricas e equipes capacitadas na assistência à gestação e ao parto, além de iniciativas de incentivo para que o parto seja considerado um processo fisiológico conduzido a partir de uma abordagem humanizadora.5

A assistência humanizada ao parto remete à necessidade de uma nova abordagem que o compreenda como uma experiência verdadeiramente humana. Receber, ouvir, orientar e criar vínculos são aspectos essenciais do cuidado à mulher nesse contexto.6

O conceito de humanização neste estudo inclui ações, práticas, comportamentos e saberes pautados no desenvolvimento saudável dos processos de parto e nascimento, com respeito à individualidade e valorização da mulher.7O conceito de humanização foi adotado de acordo com as recomendações do Programa Brasileiro de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN), criado em 2000 com o objetivo de qualificar a assistência pré-natal quanto ao acesso e cobertura, mas também para melhorar os processos de parto.8

Segundo o PHPN, a humanização engloba um acolhimento digno da tríade mulher-bebê-família, com base em condutas éticas e solidárias. Para tanto, a instituição deve estar bem organizada com um ambiente acolhedor, onde prevaleçam práticas que rompam com o isolamento tradicional das mulheres. Engloba também a inclusão de práticas e procedimentos que contribuam para o acompanhamento do parto, deixando para trás condutas impessoais e intervencionistas que podem colocar em risco a saúde da mulher e da criança.8

O PHPN trouxe muitas recomendações para a prática clínica e abordagens terapêuticas com base em evidências científicas, como a participação de um acompanhante a critério da mulher, a qualificação das relações pessoais entre profissionais e parturientes, a criação de espaços para construção do conhecimento e informação, maior participação, autonomia e poder de decisão sobre seu corpo, entre outros.9A humanização da assistência é essencial para que um momento único como o parto seja vivenciado de forma positiva e enriquecedora. Nesse sentido, este estudo foi norteado pela seguinte questão: “Qual o significado atribuído ao parto humanizado por enfermeiras de um centro obstétrico?

MÉTODO

Trata-se de um estudo de campo com abordagem qualitativa e descritiva. O cenário do estudo foi o centro obstétrico (CO) de um hospital universitário do sul do Brasil. Vale ressaltar que este é um hospital de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) que atende 42 municípios da região.

Os participantes foram seis enfermeiros que atuavam no CO do referido hospital. Na época, oito enfermeiras trabalhavam lá. As enfermeiras participantes trabalhavam em turnos distintos. Os critérios de inclusão foram: enfermeiros com graduação em enfermagem e que atuassem no CO do hospital. Quanto aos critérios de exclusão, não participaram do estudo os enfermeiros que estavam de licença médica ou de férias durante a coleta de dados.

Os dados foram coletados em setembro de 2015 por meio de entrevistas semiestruturadas. Questionou-se o significado do termo “humanização”, bem como os aspectos gerais do tema que os enfermeiros consideravam importante. As entrevistas duraram cerca de 20 a 25 minutos e foram encerradas após a saturação dos dados, ou seja, quando o objetivo foi alcançado, e foi avaliada a repetição dos dados.10

A entrevista semiestruturada permitiu que os entrevistados argumentassem sobre o objeto de estudo, sem se prenderem a perguntas, respostas ou condições determinadas pelo pesquisador. Mostrou-se um instrumento eficaz de coleta de dados, pois permitiu uma representação precisa do grupo de enfermeiros e, assim, evidenciou seus valores, normas e referências.10

As entrevistas foram gravadas com autorização prévia e posteriormente transcritas para análise e interpretação. Ressalta-se que nos propusemos a realizar as entrevistas em outro local e em outro horário. No entanto, devido à disponibilidade e respeito ao local escolhido, a coleta de dados foi realizada no local de trabalho, pois acreditavam que isso não afetaria suas funções.

A proposta operativa foi utilizada como método de análise dos dados, sendo dividida em dois níveis operacionais: exploratório e interpretativo.10O primeiro nível operacional inclui o conhecimento do contexto sócio-histórico do grupo estudado. Já o segundo nível operacional, definido como interpretativo, consistiu em fatos empíricos, com a finalidade de buscar uma lógica interna, projeções e interpretações das falas dos participantes.

Essa fase foi dividida em duas etapas, que foram a triagem e classificação dos dados. Incluiu o momento em que as falas dos participantes foram transcritas e organizadas, resultando em um mapa horizontal dos achados durante o trabalho de campo; e classificação dos dados, que consistiu no processo de construção do conhecimento de forma mais complexa, contemplando as seguintes etapas: leitura horizontal e exaustiva dos textos, após o que foram criadas as categorias empíricas; leitura transversal, após a qual o material foi dividido em tópicos, categorias ou unidades significativas e convergência de elementos semelhantes; análise final, que incluiu a análise do material empírico com base no referencial teórico; e relatório final, que consistiu na síntese e apresentação dos resultados do estudo.

Todo o estudo foi conduzido sob princípios éticos, em conformidade com as normas legais da Resolução 466/2012.11O projeto de pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da instituição. Um termo de consentimento livre e esclarecido foi fornecido aos participantes. Foram impressas duas vias do documento, ficando uma com os participantes e outra com os pesquisadores. Para garantir o anonimato, foi utilizado um sistema alfanumérico para as falas dos enfermeiros, com a letra N seguida de um número (por exemplo, E1, E2, E3 etc.), conforme a sequência das entrevistas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os enfermeiros tinham idades compreendidas entre os 24 e os 32 anos. Elas concluíram a graduação entre 1994 e 2013. Uma delas concluiu o curso de especialização em enfermagem obstétrica e pediátrica, duas eram especializadas em enfermagem obstétrica, uma fazia residência multiprofissional em saúde materno-infantil e duas realizavam residência multiprofissional naquela campo.

Quanto ao estado civil, dois eram casados, dois solteiros e dois em união estável. O tempo de experiência profissional variou entre um mês e 18 anos. Assim, com base no material coletado, o núcleo significativo que surgiu foi “A humanização do parto: desvelando significados e práticas de cuidado entre enfermeiras”.

Humanização do parto: desvendando significados entre enfermeiras.

Supõe-se que quando o primeiro contato das parturientes com os serviços de saúde se baseia em ações voltadas ao acolhimento e ao atendimento das necessidades de saúde, contribui para um atendimento humanizado e qualificado. O esclarecimento sobre a rotina e os procedimentos a serem realizados também ajuda a garantir que o parto seja vivenciado com tranquilidade e confiança pelas mulheres.

Portanto, ao se conceituar a humanização do parto, ela pode ser compreendida como uma tendência pautada na individualidade e singularidade da mulher que valoriza seu protagonismo e permite maior coerência do cuidado com seu sistema de crenças e valores.7,8Isso pode ser observado nas falas abaixo:

A humanização do parto é um conjunto de condutas, comportamentos e atitudes que se iniciam no acolhimento das pacientes, conversando com elas quando chegam no hospital, a forma como abordamos (E2).

É um acolhimento integral, desde as portas do hospital, pelas equipes médica e de enfermagem, dos pacientes e acompanhantes. A orientação, do que vai ser feito com eles, todo o processo de parto, tudo com orientação prévia, explicação (E3).

Conforme observado, o acolhimento e as informações fornecidas foram considerados pelos enfermeiros como meios para humanizar o parto. Além disso, essas medidas são importantes para o cuidado prestado, não só para as mulheres que chegam ao serviço de saúde, mas também para a família acompanhante.

O acolhimento inclui um momento adequado para que a equipe de saúde demonstre sua preocupação, interesse e disponibilidade, conhecendo e compreendendo as expectativas da parturiente e de sua família, e esclarecendo dúvidas relacionadas à gravidez e ao parto. O acolhimento tende a facilitar a relação entre parturientes e profissionais, evitando, consequentemente, situações de estresse e angústia para a mulher e sua família.12

Além do acolhimento mencionado pelas enfermeiras, essas entrevistas evidenciam um estímulo ao andar livre, ficar em pé, expressão de sentimentos e expectativas e a participação ativa da mulher no processo de parturição.

As técnicas não farmacológicas para o alívio da dor, como andar livre e ficar em pé, na opinião dos entrevistados, são práticas que devem ser realizadas para melhorar a assistência prestada e torná-la humanizada.

A humanização do parto acontece quando você conhece as expectativas da gestante, quando você permite que ela se expresse, que grite se acha que vai aliviar. Ela pode escolher sua posição e não ficar presa na cama (E1).

É saber como ela quer que seja o parto, se ela quer parir sentada ou de outra forma, ela tem que escolher, não cabe a nós, como profissionais, decidir sobre isso (E5).

Compreende-se, com base nas falas das participantes, que o uso de técnicas para alívio da dor e a participação ativa da gestante são práticas relacionadas à humanização do parto. Essas práticas tendem a ajudar as parturientes a terem mais liberdade e autonomia. Alguns autores13confirmam os achados deste estudo, pois constataram que os enfermeiros também enfatizam a importância da mulher ter autonomia para se movimentar livremente durante o trabalho de parto. Considera-se que essa prática favorece o desenvolvimento do feto, respeitando as características físicas da mulher e proporcionando maior conforto.

Apesar das evidências, sabe-se também que em muitas maternidades ainda é solicitado que as mulheres permaneçam no leito em decúbito lateral esquerdo durante o trabalho de parto. Embora esta posição contribua para o fluxo sanguíneo uteroplacentário e renal, as mulheres devem ser encorajadas a permanecer na posição que desejam. Ressalta-se que a deambulação, assim como outras posições, não apresenta risco obstétrico e, na verdade, contribui para abreviar o trabalho de parto e reduzir a necessidade de sedação.13

As enfermeiras que participaram deste estudo também acreditam que a humanização do parto significa um cuidado centrado na mulher e a substituição de práticas intervencionistas por outras menos invasivas, focando o cuidado em condutas mais humanizadas.

Não é fazer procedimentos desnecessários, iatrogenias (E3).

Não realizar procedimentos invasivos desnecessários, como episiotomia, enema, tricotomia, exames vaginais sucessivos e mais de uma pessoa examinando a mulher várias vezes (E1).

É possível perceber nas falas acima que o respeito ao papel da mulher consiste em uma atitude que está imbricada no processo de humanização do parto. Para tanto, é essencial evitar práticas e procedimentos atualmente considerados invasivos ou não mais adequados.

O cuidado baseado em intervenções e uso de procedimentos e tecnologias invasivas pode fazer com que a mulher tenha um papel secundário e desloque o protagonismo para os profissionais de saúde. Essa situação resulta no aumento da taxa de mortalidade materna e contribui para o desrespeito aos direitos reprodutivos.3

As práticas e técnicas referidas nas falas das participantes incluem tricotomia, enema, indução do parto e medicalização. O enema de rotina ainda é muito comum em muitas maternidades e é utilizado para reduzir o tempo de trabalho de parto e o risco de contaminação da região perineal.14No entanto, a literatura sugere que não há evidências científicas da eficácia do enema, pois uma revisão sistemática da literatura comprovou que a realização desse procedimento não contribui para a redução da infecção puerperal e neonatal.15

Em relação à tricotomia, outro procedimento comum nos serviços de saúde, é realizada com o objetivo de reduzir a infecção e facilitar a sutura, quando há necessidade de episiotomia ou em caso de laceração. No entanto, sabe-se também que seu uso diário pode aumentar o risco de infecção por doenças como HIV (vírus da imunodeficiência humana) e hepatite.14Portanto, algumas práticas e procedimentos intervencionistas não são recomendados e não possuem embasamento científico para serem utilizados dentro das instituições.

Na perspectiva dos entrevistados, a humanização do parto exige uma nova postura dos profissionais. Essa atitude diz respeito à relação entre profissionais e pacientes, empatia, sensibilidade e respeito à individualidade. Os depoimentos a seguir mostram a importância da empatia e do respeito para os serviços de atendimento e práticas humanizadas.

É empatia, quando você se coloca no lugar de outra pessoa. Pensar no que você gostaria, saber o que é importante para ela, qual é o sentimento dela, saber que ela tem um nome, uma identidade, não mamãe ou papai (E4).

Temos que realmente nos colocar no lugar deles. Como gostaríamos de ser tratados naquele momento? Isso é o mais importante, porque a gente fica tão preso à rotina e acaba não se colocando no lugar deles e fazendo as coisas automaticamente (E1).

De acordo com os depoimentos dos enfermeiros, a empatia e o respeito estão diretamente relacionados à forma como as pessoas são tratadas, abordadas, como as dúvidas são esclarecidas ou simplesmente pela escuta de suas necessidades e compreensão das demandas trazidas ao serviço. Assim, entende-se que a humanização surge como uma tentativa de reforçar os princípios de integralidade, equidade e acessibilidade preconizados pelo SUS.

As descobertas dos autores16confirmam esses discursos, pois afirmam que atos de empatia, sensibilidade e respeito refletem positivamente na característica resolutiva dos serviços de saúde e no atendimento às demandas dos pacientes. Nesse sentido, as definições apresentadas pelas entrevistadas também se baseiam em políticas públicas e recomendações do Ministério da Saúde, que resgatam a humanização do parto e os princípios do SUS.14

Autores destacam que humanizar a assistência ao parto implica em mudança de atitude e conduta, por meio de um serviço de atenção que assegure respeito e sensibilidade com a tríade mulher-criança-família. A humanização deve ir além do bom tratamento das pessoas e incluir a valorização dos sujeitos e o respeito às suas singularidades.

Após a análise dos discursos dos enfermeiros, considera-se que a humanização do parto inclui a revisão das ações e condutas dos profissionais de saúde. Como consequência, acredita-se também que a formação e atualização permanente tanto dos profissionais quanto dos gestores das instituições são essenciais para a implementação de práticas humanizadas, e isso é respaldado no depoimento abaixo:

Acredito que começa com a formação profissional, com a atualização permanente dos profissionais para compreender mais facilmente as práticas mais adequadas e necessárias. Os profissionais que não buscam atualização e não seguem essas novas recomendações do Ministério da Saúde ficam mais limitados às práticas mais antigas. Quanto ao gestor da instituição, também é importante incentivar os profissionais e trabalhar em conjunto com a equipe. As reuniões de equipe também são importantes para discutir e ver como está sendo a rotina (E3).

Essa fala mostra a importância da atualização profissional no cuidado à gestante. A realização de reuniões de equipe e a discussão de práticas cotidianas nos serviços também aparece nesse contexto como uma ferramenta a ser utilizada cotidianamente por esses profissionais.

A formação dos profissionais de saúde tem sido discutida em estudos relacionados à humanização do parto. Como exemplo, podemos citar a formação médica em obstetrícia, que tem apontado falhas quanto à humanização da assistência. As condutas médicas ainda se baseiam majoritariamente em intervenções desnecessárias, enquanto a formação em enfermagem obstétrica apresenta condutas diferenciadas e humanizadas que respeitam a fisiologia do parto.5,17,18Portanto, é necessário incluir o tema da humanização nos programas de capacitação institucional e nas ações de educação permanente em saúde, bem como na formação profissional como fio condutor para potencializá-la.19A inclusão desse tema representa uma estratégia que pode contribuir para a introdução de um novo modelo de atenção ao parto baseado em práticas humanizadas.

CONCLUSÕES

A humanização do parto, reconhecida como política pública de saúde, foi compreendida pelos enfermeiros entrevistados como um conjunto de condutas, comportamentos e atitudes, livres de julgamentos e pautados no diálogo, na empatia e no acolhimento dos pacientes e familiares; a prestação de orientações e informações sobre as condutas a serem adotadas; a valorização da parturiente e sua personificação como sujeito de direitos e necessidades. Para as entrevistadas, a humanização do parto envolve também a realização de procedimentos comprovadamente benéficos à saúde materno-infantil, abandonando técnicas desnecessárias e invasivas como episiotomia, enema, tricotomia e sucessivos exames vaginais; e a atualização profissional contínua implementada em reuniões de equipe, com base em evidências científicas atuais e incentivadas pelos gestores da instituição.

Nesse processo, a humanização implica no respeito às escolhas, individualidades e singularidades de cada parturiente. Os enfermeiros conhecem as políticas e recomendações do Ministério da Saúde e da OMS, e acreditam que o processo de humanização é lento e cheio de desafios.

As falas das enfermeiras mostraram a importância de empoderar as pacientes e considerar o parto novamente como um evento natural e fisiológico. Nesse evento, as mulheres são atendidas por um profissional de saúde, de acordo com suas necessidades, podendo participar ativamente e ter seus direitos assegurados como mulher e como paciente.

Compreender o significado da humanização do parto e suas implicações positivas na vida das mulheres é estar orientada para o cuidado das pacientes. Nesse sentido, os profissionais de saúde devem, em primeiro lugar, dar voz às parturientes, ouvir suas queixas, anseios, dúvidas e expectativas e, em seguida, traçar as mudanças necessárias para um parto humanizado. Caso contrário, prevalecerão cenários caracterizados por uma infraestrutura física precária, em que os profissionais estão focados em técnicas e intervenções e pautados por normas e rotinas medicalizantes que desrespeitam os direitos das mulheres.

Os autores acreditam que este estudo pode desvendar o significado do parto humanizado, tal como é entendido pelos enfermeiros que participaram de seu desenvolvimento. Como implicações deste estudo, os autores acreditam que ele pode apoiar outros profissionais de saúde e estimular os gestores a realizar as mudanças necessárias no cenário do parto e promover sua humanização.

Este estudo também pode abrir espaço para reflexões sobre o cuidado prestado à parturiente na tentativa de encontrar uma forma de cuidar que contribua para o seu destaque. Espera-se também que este estudo possa auxiliar as equipes de saúde, não apenas os enfermeiros, na avaliação de sua prática profissional, e permitir reflexões sobre a importância de valorizar a singularidade de cada indivíduo neste evento, além da implementação de estratégias de humanização do cuidado parturientes e suas famílias.

No entanto, é importante considerar que este estudo foi realizado com enfermeiros de uma instituição e ambiente obstétrico específico, o que pode ser uma limitação se os resultados forem integrados. Além disso, o tempo de experiência profissional na área da saúde da mulher também pode ter sido uma limitação. Apesar disso, os participantes representaram a quase totalidade dos enfermeiros atuantes no serviço.

Portanto, mais estudos devem ser realizados em outras instituições, com um número maior de profissionais de saúde, de diferentes categorias, além de enfermeiros, como foi feito neste estudo. Conhecer e compreender outros contextos pode ser relevante, pois cada instituição e cada profissional de saúde pode dar um significado diferente ao tema.

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